sábado, 5 de dezembro de 2009

O sebo do Amadeu









Sebo Memória
Rua Cristiano 488, perto da Teodoro Sampaio
São Paulo - Brasil











Nunca entendi a compulsão que certas pessoas têm pelo novo, em todo o significado tecnológico que a palavra possui.

Talvez certas pessoas achem meio contráditório, alguém que posta textos em blogs ter uma opinião tão adversa...

No fundo do ego, quem não o é contraditório?

Muitos pensariam consigo mesmo, "É a culpa daquela coisa que não se entende bem, mas que insistimos em denominar de globalização." Aprendi a palavra na sétima série. Até hoje, ainda não tenho certeza do significado.

O novo seduz, nos conduz ao prático e à um mundo de oportunidades. Como aquele que andava por um corredor estreito e pouco iluminado vê ao caminho uma luz, a segue, e descobre um salão amplamente iluminado com diversos novos corredores e portas diferentes ao redor.

Claro, muitas destas portas não são nem de perto comuns à realidade.

Todavia, quem quer viver sempre no mundo real?

O Novo é assim, atraente, e muitas vezes necessário no mundo Contemporâneo. A moça nova e gostosa pela qual todos os homens se sentem atraídos...

E aí lembramos do Velho. O mundo dos livros, dos papéis, dos registros. O mundo das contas, do dinheiro, das coisas táteis para serem consideradas realidade.

"Que coisa mais cafona e desnecessária!" pensa o garoto. O garoto não entende, como aquilo tão "desprático", que poderia ser facilmente substituído por algo mais simples com muitos gigabytes, pode ainda ter alguma função no mundo!

Hoje, eu e uma amiga visitamos um sebo.
- Grande coisa - fala o garoto - Tem milhares pela cidade de São Paulo.
- Compra os livros pela internet! - diz o amigo dele - Deixa eu te mostrar o site, oh...

É verdade... Existem milhares deles... Entretanto, esse têm um ar um tanto especial. Livros do chão ao teto, literalmente. Corredores apertados, do tipo que você é obrigado a pedir licença para o visitante desconhecido. Uma estante apinhada de todos os tipos de discos em vinil. Você mesmo, pega a escada e procura as suas raridades, se quiser. Cheiro de livros. Cheio de livros. Tudo isso ao som de uma boa música clássica.

O acervo é impresionante, mesmo para aqueles não tão conhecedores dos nomes literários mundiais, como eu. É só pedir, que o dono do lugar se enfia corredores adentro, desaparece por alguns segundos e volta com umas três cópias de diferentes edições do seu pedido.

Alguns devem estar se perguntando: propaganda? Os objetivos aqui não têm relação comercial. A proposta do site é esta (vide texto A proposta), mostrar visões diferentes. Saber o que existe de diferente. O belo pelos olhos do outro.

Talvez tenha sido a alma do lugar que me chamou a atenção. Alma de sebo. Verdadeiro.

Tirei várias fotos, é claro. Temos que utilizar da tecnologia para bons frutos. Registro. Memória. Muito mais do que meras "tralhas" ocupando um espaço no mundo.

"Tralhas" têm seu valor, garoto. Não vamos confundir os conceitos. Não é preciso sair por aí armazenando coisas inúteis dentro de cada buraco de sua casa. Não sou a favor de energia estagnada. Nada disso.

Certas coisas se guarda, não pelo que são em si, mas por tudo o que significam, ou significaram para nós.

Como uma senhora, com certas rugas, que não pode ser tão atraente à primeira vista, pode guardar um mundo de e experiências que a moça ainda está por descobrir...

Tenho medo das novas gerações. De que fiquem perdidas nas maravilhas tecnológicas e percam o verdadeiro valor que o passado possui em nossas vidas.

O Passado é o conjunto de tudo aquilo que aconteceu e formou o que somos hoje.

Somos nós.

De uma maneira diferente e antiquada, mas somos nós.

E ninguém merece perder a si mesmo.

Em nada.

2 comentários:

  1. Verdade. Como vamos saber para onde vamos se não sabemos de onde viemos. O passado está aí para ensinar.

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  2. Somos nós...

    Adorei!!!!

    =]

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