quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Juramento - Parte II


Darei aos meus mestres o respeito e o reconhecimento que lhes são devidos.










Chegamos aqui numa parte bem especial do discurso: os mestres.
Quantos de nós ao ler rapidamente esta frase não irá se perguntar."Mas como?! Como agradecer aquele professor chato, aquele que não dava aula, aquele que cobrava toda a materia sem dar recurso, aquele que nem cobrava?"

Difícil?
Eu diria, não.
Todo o segredo desta frase gira ao redor de uma única palavra, que vêm aos nosso olhos, de uma maneira especial agora

Mestre


Um Professor nem sempre é Mestre.
Hipócrates 377a.c já sabia disso.
Quando somos acadêmicos, não falo isso com nenhum sentido de inferioridade, somos um projeto em formação. A universidade não nos ensina tudo.
Nada nos ensina tudo.
Não saímos de lá prontos, como uma obra que tem prazo a ser cumprido em seis anos. Definitivamente não. Muitos acabamentos só serão feitos mais tarde, o que pode demorar muitas vezes meses, anos e até décadas a serem feitos.
Podem nunca ser feitos.
Sinceramente, quem faz medicina, na minha mera opinião, nunca está "acabado".
Eu mesma já fui muito chata, e ainda sou até hoje.
Mas sempre que vejo alguém mais novo, tento ter paciência e atenção com ele.
O acadêmico nada mais é do que a criança cuidada pelo Mestre.
Existem muitos tipos de crianças. 
Criança é peralta, travessa, manhosa às vezes, mas entre todas elas, há uma coisa em comum: formação.
Toda criança ainda é um objeto a ser moldado, um projeto da construção que está sendo levantada, e pode ter a influência de diversos projetos ao redor...
Toda criança que está empolgada com um novo brinquedo que gosta muito se exibe um pouco com ele, se orgulha de tê-lo. O Mestre não se aborrece, mas ri e lembra de como já foi criança um dia..



mestre que é Mestre não toma o brinquedo da criança, e sim ensina a criança a como utilizar o brinquedo.
mestre que é Mestre não quebra o brinquedo, e sim o guarda, explicando para a criança que o brinquedo não é a única coisa importante na sua vida e que sempre existirão outros valores a serem creditados.
mestre que é Mestre não julga a criança, muito menos a condena às mesmas leis dos adultos, e sim ensina-a com o seu erro e com o seu exemplo.
 mestre que é Mestre não grita nem bate na criança, e sim impõe seu respeito falando claramente e firme, e a faz entender as consequências dos seus atos.
 mestre que é Mestre não deixa de responder a criança a pergunta mais tola e abstrata do planeta, e sim ensina-a a procurar onde aprender...
mestre que é Mestre não deixa de ouvir a criança por acreditar que ela sempre estará errada, mas sim fica feliz pois terá a oportunidade de ensiná-la o que ele acha certo.
mestre que é Mestre não se aborrece com a criança, porque sabe a influência que ele possui nela e da importância de seus ensinamentos para o futuro.
 As crianças sempre foram a esperança.

Se alguma coisa deve mudar, que comecemos pelas bases. 

Tive muitos professores que me ensinaram conteúdo. Muitos que me deram provas, observações, notas. 
Muitos me ensinaram, ou me cobraram teoria e montaram certas bases.
Mas Mestres, foram menos. Não se ensina a ser Mestre. Deve-se ser e gostar de ser um.

Aos Mestres eu deixo aqui o meu muito obrigado.

Tenho certeza que os verdadeiros Mestres não se importaram com os nossos erros, assim como tenho a certeza e que nenhum de nós quer decepcioná-los.

Aos que não foram mestres, bem, esses eu agradeço também. Estes me ensinaram a ter uma referência contrária, à saber que existem dois lados de uma mesma moeda em tudo nessa vida. E como Hipócrates disse, mesmo eles eu devo o meu reconhecimento. 
Respeito, sim, como devemos respeitar qualquer ser humano. 
Autoridade e admiração, nem tanto. 
Isso não se impõe, e sim se conquista.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Juramento - Parte I : Princípio Básico

 Prometo solenemente dedicar a minha vida a serviço da Humanidade...




As pernas dela doem. Os olhos fecham e abrem lentamente. O cansaço é tamanho, que não ela nem mesmo consegue relaxar por completo.
Foi um dia corrido na emergência. Quase dois dias entre pacientes, caos e defesas.
Sim, muitas vezes temos que ser o juízo e a defesa da ocasião.
E entre as preocupações na vida e os afazeres e obrigações, você pode pensar que ela está infeliz.
Mas eu digo: não.
Cansada, bastante.
Mas ela não infeliz.
A única coisa que ela lembra destes dias é da dona Joaquina, que entrou no atendimento incosciente, respirando profundo, cercada de familiares nas suas aflições: o desespero do amor. E recapta na mente como ela já até conseguia se comunicar com seus familiares ao sair da emergência.
Aquilo era um pequeno passo para ela, um grande passo para dona Joaquina, e a certeza de uma ínfima parte de uma jornada longa e árdua que ainda se perpetuaria por longos e longos anos. 
A intensidade com que vivia a medicina, nunca foi antes como era agora, dedicando dias e noites, sendo cobrada, cumprindo obrigações, era por vezes estafante. Consumia alguns nervos. Esgotava muita calma.
Mas ela era feliz.

Ele se cansou de tudo aquilo. Embora odiasse ficar ali, só conseguia lembrar dos últimos plantões as contas que ele fazia entre um paciente e outro.  Pedia a si mesmo um pouco de paciência. Aguentava a dor. Os desrespeitos. As calúnias. Quanta ingorância! Precisava ficar, arranjar uma saída. Fazer um plano.
Mas nem sempre os planos vêm tão fáceis assim...

Prometer dedicar uma vida.
Pense comigo e me responda honestamente dentre todas as coisas que você conhece:

                                 ''O que valeria uma vida? ''

Difícil, não?

A Medicina é uma raiz que você próprío plantou lá.Primeiro pequena, exige cuidados.
Você cuida. Ela cresce.
Cresce até que toma o seu espaço, e quando vê, já tomou toda a terra e exige um vaso cada vez maior...
Cada vez mais temos que ser grandes. Maiores. Melhorar. Aprender com os erros. Que erros? Dedicar-se.
Entendo bem quando muitos médicos hoje pensam em qualidade de vida.
Nem todos estamos sempre prontos para tanta dedicação assim. São muitas exigências, cobranças. Existem certos graus e tipos de dedicação que cada área exige.
Sua vida não para, não espera suas graduações.
Sempre estará lá. As coisas continuaram acontecendo.
Os fatos vão desenrolar-se, as pessoas surgem, irão ou permanecerão.
Qual será o plano?
Um vez médico, para sempre médico.
Mas é importante lembrar.
É uma escolha.

Entendo os pacientes que reclamam de certos tipos de médicos. Médicos insatisfeitos, infelizes consigo mesmos. Médicos felizes, mas já impacientes em ter a mesma rotina, em responder as mesmas perguntas.
Mas é importante lembrar.
A Medicina é uma raiz que você próprío plantou lá.Então deixo vocês com ela....

Ela



Não é sempre cura, mas é alívio.
Não é sempre alívio, mas é conforto.
Não é sempre conforto, mas é verdade.
Não é sempre verdade, mas é caridade.
Não é sempre caridade, mas é justiça.
Não é sempre justiça, mas é bondade
Não é sempre bondade, mas é humana e imperfeita
Não é sempre humana, mas é profissão
Não é sempre  profissão, mas é sempre uma vida
Uma vida 
A zelar
Outra vida.
Quem por nós?
Uma escolha.
Viva bem 
Aquele quem 
Escolhe bem

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

O velho Pequeno Príncipe

Imagem retirada de Rvbar
Olhei bem. E vi um pedacinho de gente extremamente extraordinário,que me considerava com gravidade. Eis aqui o melhor retrato que consegui fazer dele.
Saint-Exupery, O Pequeno Príncipe










            Das poucas coisas que aprendi nessa vida, um terço devo às pauladas que levei na cara, um terço ao Pequeno Príncipe. O outro terço, a gente nunca aprende, e continua errando pelo meio do caminho...
Eis que um belo dia estava em São Paulo quando fui tomada por um desejo de andar, e uma busca veio à minha mente: sebos. Nada que minha rinite alérgica desejasse tanto se instalar como de hábito, contudo a palavra veio já com missão definida:  encontrar uma velha cópia do Pequeno Príncipe. 
Isso mesmo, depois de velha, eu queria ler livro de criança...
Mas já lhe conto o que você já saber há muito tempo: o Pequeno Príncipe  não é livro de crianaa, embora me encantasse muito desde esta época. É, sim, uma das maiores obras da filosofia adulta (pelo menos assim eu o considero). 
Eu semrpe fui uma criança de ler livros, estimulada para isso. E até hoje agradeço do fundo da alma as meras letrinhas coloridas que minha mãe-madrinha colocava à minha frente. Letras que tão mais tarde me encantariam, e me envolveriam com o seu mistério, pelo qual sou instigada até hoje.
Embora já não me reste tempo agora para ler, e todos os últimos livros que li nesses anos envolviam assuntos médicos, ainda tenho em mim esse lastro, que espero profundamente um dia recuperar, quando a oportunidade se fizer presente novamente.
E num desse ímpetos, fui com a nostalgia dos meus tempos de criança alimentar a minha vontade repentina de adulta. 
E lá que descobri o Sebo do Amadeu. Ao adentrar, de imediato perguntei: 
"Tem o Pequeno Príncipe?" 
O rapaz prontamente respondeu que sim, sumiu por alguns instantes, me deixou alguns segundos por entre los ácaros e meus olhos e retornou, não sei bem de onde, com um exemplar do livro na mão.
Minha alegria logo esvaiu-se quando olhei naquela direção: novinho em folha. 
Ele viu a minha tristeza e perguntou "O que foi?" 
E já prevendo a insanidade das próximas palavras respondi:
"Eu quero um velho..."
 Eu já sabia que a maior parte do mundo me acharia louca.  Já aguardava uma pergunta do tipo."Por que? Leva o novo!..." Seguida de todas as razões lógicas do mundo contemporâneo.
Mas o Amadeu já tinha lido o Pequeno Príncipe.
Ele me disse que ia encomendar, que voltasse dali há uns dias, que ele daria um jeito. Eu achei que era meio "papo-de-vendedor" dele, mas mesmo assim, me veio uma esperança.
O Amadeu havia lido o Pequeno Príncipe.
Não desisti. Fui à outros sebos. Mas nada. Todosos vendedores vinham com a mesma cópia nova de antes. 
E eu os deixava lá, com caras e bocas de interrogação. Fui na semana seguinte. E na semana seguinte. Até que retornei com o Amadeu.
Nesse outro dia, sem a mesma empolgação de antes, perguntei.
Dessa vez ele nem saiu do lugar. Esticou o braço direito, e da estante retirou-o. 
Eu o vi.
E soube que era perfeito.
E desde então, com o princepezinho, voltei de lá diferente.
Se li meu pequeno príncipe? Sim, e algumas vezes dou umas relembradas que é para eu nunca me esquecer de como ele é. Para eu nunca me esquecer.
Às vezes a gente grande esquece...
O mais importante é que já guardo o pequeno aqui no peito andando por aí comigo.

Ainda assim, tenho vontade de caregar ele de vez em quando comigo. Melho, tenho vontade de distribuir umas cópias deste livro para algumas pessoas por aí, com partes grifadas e algumas explicações nas laterais. Colocar em alguns cartazes pela cidade, talvez. Muita pretensão minha.
Sinceramente, acho que essas pessoas seriam bem mais felizes depois de colocarem um pouco do principezinho dentro de si. 
Mas filósofo que é filósofo sabe que a filosofia tem seus próprios meios e mistérios. E contradições. Devo respeitá-los.
O que o Príncipe diz para mim, pode não ser o mesmo para você
A filosofia é um mundo de cada um.
O que posso fazer é falar do Príncipe, como falo da vida e das coisas que me vêm à telha. Permitam-me abrir uma nova página somente para ele. 
Quem sabe assim o mundo fique mais bonito.


O que torna um deserto belo, disse o princepizinho, é que ele esconde um poço nalgum lugar...
Saint-Exupery, O Pequeno Príncipe

domingo, 15 de agosto de 2010

Dia do Solteiro 2

Eu já gostava dessa música, agora muito Mais!


Dia do Solteiro



Hoje, Dia do Solteiro, não resisti, e tive que linhar algumas palavras
Não sei quem foi quem inventou essa coisa de "Príncipe Encantado", ou de Amor para uma vida inteira.
Se num breve instante colocarmos nossas mentes preguiçosas para exercer um raciocínio lógico chegaremos a pergunta crucial.

Responda bem dentro de si.




Será possível amar mais de uma única pessoa pessoa uma vida inteira?

A resposta vem bem rápido.
Entretanto, ouso em me contradizer e  afirmo: depende. Depende do conceito desse objeto famoso entre todos nós: o tal do Amor.

Amar é bem diferente de sentir atração.
É bem diferente de ter respeito.
É bem diferente de ter carinho.
É bem diferente do que costumamos pensar.
Amar é um bem querer. Sentimento simples, que de tão simples que é, envolve e mistura-se à muitos outros sentimentos.
Assim, é bem previsível confusões.
Se amar significar para você um sentimento de atração e admiração entre duas pessoas,
Se amar significa importar-se com alguém,
Se amar significa querer o bem de alguém
pode-se sim amar mais de uma pessoa.
Podemos, sim,e DEVEMOS amar mais de uma pessoa.
Por que não podemos dividir um sentimento tão bonito entre todos nós:?

Agora se Amar significar Fidelidade, bem, estaremos nadando entre rios mais profundos.
As pessoas juram fidelidade umas às outras por princípios. Princípios pessoais e regidos em parte pela sociedade. Conjunturas que as fazem querer mostrar respeito e dedicação aquela única pessoa.
Se você quer ser fiel (observe  bem o verbo utilizado QUER), se é de seu desejo e livre vontade, pratica a fidelidade.
Isso é único e extremamente pessoal.
Se duas pessoas se encontram, e querem por si próprias, prometerem uma à outra passar em tempo de suas vidas em convivência exclusiva, nada deve impedi-las.
Não vejo nada errado nisso.
Cada uma delas tem a consiência de que é possivel sim, sentir atração, admiração e amor por outras pessoas. Contudo isso não é mais significativo para elas do que se criar uma única relação, com um vínculo mais forte e mais consistente entre si, que por isso terá uma importância muito maior em suas vidas.
Pelo menos assim deveria ser.
Entretanto, as pessoas insistem em relocar fidelidade como algo social. Algo justificando entre todos um comportamento pessoal.
Não amigos, a fidelildade deve estar dentro de você.
Não se cobra fidelidade.
Não se dá fidelidade.
Fidelidade deve ser uma vontade própria, um desejo.
Se não se é capaz de realizá-lo, se não há vontade em tê-lo, não há de se jurar fidelidade.
Pelo menos assim deveria ser.
Portanto, não cobre a fidelidade de ninguém. Se está cobrando-a, você nem a tem...
Não jure fidelidade a ninguém sem tê-la, seja pelo motivo que for (por pressão social, comodismo, egoísmo).
Que mal há em curtir  a vida e aproveitar as oportunidades que se deseja?
Desde que não enganando ou desrespeitando ninguém.
A sinceridade é e sempre será o princípio dos livres.
Não vejo nada errado nisso.
Vivamos então nossas solterices, em busca cada um de nós, o que nos satisfaz melhor.
Em busca da nossa felicidade.

sábado, 14 de agosto de 2010

O juramento

De todas as promessas que fiz, absolutamente, esta foi a mais difícil. Jurar.
Jurar que há de se ter honra com vidas.
Alguns podem até se admirar tanta dificuldade num princípio tão simples.
Proponho-me a explicar toda magnitude da profissão médica em meros textos.
Acredito que só assim , ouvindo pacientes e médicos, será possível melhorar a comunicação entre os dois lados de um mesmo objetivo.
A vida.

Os próximos textos, em ordem aleatória de pubicação, exemplificarão muito o que quero dizer.
Espero que eles ajudem pacientes, acadêmicos e outros profissionais, incluindo eu mesma, nessa jornada longa e árdua que é a arte de curar.

Eis aqui o juramento


"        Prometo solenemente dedicar a minha vida a serviço da Humanidade.
        Darei aos meus mestres o respeito e o reconhecimento que lhes são devidos.
        Exercerei a minha arte com consciência e dignidade.
        A saúde do meu paciente será minha primeira preocupação.
        Mesmo após a morte, respeitarei os segredos que a mim foram confiados.
        Manterei, por todos os meios ao meu alcance, a honra da profissão médica.
        Os meus colegas serão meus irmãos.
        Não deixarei de exercer meu dever de tratar o paciente em função de idade, doença, deficiência, crença religiosa, origem étnica, sexo, nacionalidade, filiação político-partidária, raça, orientação sexual, condições sociais ou econômicas.
        Terei respeito absoluto pela vida humana e jamais farei uso dos meus conhecimentos médicos contra as leis da Humanidade.
        Faço essas promessas solenemente, livremente e sob a minha honra."






Aguardem...

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Biografia

Perdoem-me se o dia dos pais é um dia um tanto "comum" para mim. Não que eu seja frívola, seca ou qualquer coisa tão rígida assim. Pelo contrário. Toda essa coisa de amar consome bem mais tempo dentro de mim do que deveria. Amar é bom. Amar demais, é sofrer. Até um
Entretanto, a despeito de tanto amor por essas artérias, e desafiando as leis da sociedade eu nasci.
Eu nasci no lugar errado. Na hora errada. Em vim ao mundo assim, a forma errada, para me tranformar até mesmo sem querer numa pessoa meio certa.
Tudo o que sou, não passa de uma bela travessura do destino.
Minha história é assim.
Quando eu nasci Deus me disse, vai Izabella, com seu nome torto, escrever direito essa tua vida.
Eu nasci.
Nasci num berço que era da Misericórdia.
Logo descobri que aquele seria o melhor berço que o meu sangue poderia dar para mim.
Eu cresci um pouco. Mas antes de me lembrar disso, meu pai já havia ido ter a conversa dele com Deus, antes mesmo de eu conseguir falar alguma palavra com ele.
E daí, sem berço, sem terço, sem pai, e um sangue sem juízo, foi que a vó, (sempre as vós com o bom senso na cabeça) decidiu a madrinha.
Eita destino! A avó decidiu, e eu ganhei de prêmio, antes de saber o que era isso, um futuro na vida.
Eu cresci.
No meio de gatos, cachorros colegas de escola e de livros. Não muitos livros. Mas o suficiente para eu descobrir que havia um mundo lá fora.
Eu sempre fui curiosa.

E eu assim, com essa curiosidade, fui desvendar o mundo. Ou pelo menos, uma parteínfima dele.
Eu cresci mais. E no mais que me faltasse um pai, fui rodeda de mães. Mulheres, que eram mulher e homem num só. Mulheres de força. Mulheres sem jeito pra lidar com os afetos. Mulheres as quais vida ensinou a ser forte.   E todo forte, tem um escudo que protege.
E de laços, formei uns mais fortes do que qualquer sangue pode dar: os laços da criação.
Sempre soube quem era o meu sangue.  Não que isso não depertasse meu apreço. Mas não se constrói em algumas oportunidades laços tecidos todos os dias durante 23 anos...
Não sou revolta. Não me sobram lesões psicológicas.
Pelo contrário.
Sei que fui "a escolhida" para uma missão maior.
No dia dos pais, rezo pelo meu.
E lembro de como as minhas mães foram mães e pais ao mesmo tempo.
No dia dos pais lembro que é bom sim, ter uma figura masculina ao seu lado, que suporte, que seja a força.
E lembro que é possível tudo isso sem tê-la.



Um beijo ao meu pai. Que Deus o tenha.
Uma lembrança às minhas mães.

domingo, 1 de agosto de 2010

Não mata....

Ela acordou num daqueles dias em que se está pensando em alguém. Não necessariamente uma conotação sexual da afirmação, mas um pensar nostálgico, uma lembrança. Um alguém, um amigo, uma saudade.
Aquela pessoa com quem você não fala há muito tempo e de repente está lá, viva e forte na sua memória.
Isso acontecia algumas vezes. Era natural da mente randômica. Nesse dia ela quis fazer diferente. Prometeu a si mesma: vou ligar. Falarei. Terei o real interesse de saber como ele está.
Mas, não se sabe o por quê, o outro lado não atendeu. Ela ligou de novo. Fez a promessa.  Sempre fora uma mocinha de cumprir promessas. Do outro lado só se escutaram vozes,ou pior, nenhuma voz.
Ela ligou mais uma vez. E foram ofensas. Daquelas feias.
Desistiu.
O outro lado não correspondia à chamada, que não vinha do telefone,mas de um outro coração, ali na linha, calado. Antiquado até.
Chegou à uma conclusão: nunca mais culparia os chatos. Sejam eles quem quer que seja, ou da forma que vierem. Os chatos da ignorância, os chatos do pessimismo, os chatos da mal educação.
Chato que é chato só está tentando se defender de algo. Ou de alguém.
Como culpar alguém que foi magoado uma vida inteira, decepcionado a vida inteira, e ainda assim, exigir que seu coração seja nobre o suficiente para se manter vivo durante toda uma vida?
Difícil. A bondade exige muito. Fraternidade, companheirismo, perdão. Nem todos conseguem.Aí surgem os frios,os calados, os fechados, os ignorantes, os mal educados. Porque até para se educar,é preciso um coração.
Não culpe os chatos.
Chato que é chato pode estar se defendendo de si mesmo. Dos seus sentimentos. Do que ele poderia ser se não fosse chato.
A grande questão é viver essa vida de acordo com a própria filosofia.
Viver a própria vida.