Ela acordou num daqueles dias em que se está pensando em alguém. Não necessariamente uma conotação sexual da afirmação, mas um pensar nostálgico, uma lembrança. Um alguém, um amigo, uma saudade.
Aquela pessoa com quem você não fala há muito tempo e de repente está lá, viva e forte na sua memória.
Isso acontecia algumas vezes. Era natural da mente randômica. Nesse dia ela quis fazer diferente. Prometeu a si mesma: vou ligar. Falarei. Terei o real interesse de saber como ele está.
Mas, não se sabe o por quê, o outro lado não atendeu. Ela ligou de novo. Fez a promessa. Sempre fora uma mocinha de cumprir promessas. Do outro lado só se escutaram vozes,ou pior, nenhuma voz.
Ela ligou mais uma vez. E foram ofensas. Daquelas feias.
Desistiu.
O outro lado não correspondia à chamada, que não vinha do telefone,mas de um outro coração, ali na linha, calado. Antiquado até.
Chegou à uma conclusão: nunca mais culparia os chatos. Sejam eles quem quer que seja, ou da forma que vierem. Os chatos da ignorância, os chatos do pessimismo, os chatos da mal educação.
Chato que é chato só está tentando se defender de algo. Ou de alguém.
Como culpar alguém que foi magoado uma vida inteira, decepcionado a vida inteira, e ainda assim, exigir que seu coração seja nobre o suficiente para se manter vivo durante toda uma vida?
Difícil. A bondade exige muito. Fraternidade, companheirismo, perdão. Nem todos conseguem.Aí surgem os frios,os calados, os fechados, os ignorantes, os mal educados. Porque até para se educar,é preciso um coração.
Não culpe os chatos.
Chato que é chato pode estar se defendendo de si mesmo. Dos seus sentimentos. Do que ele poderia ser se não fosse chato.
A grande questão é viver essa vida de acordo com a própria filosofia.
Viver a própria vida.
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