Em tempos de copa vejo as cores verde e amarelo num volume e proporção as quais não vejo em outros momentos, nem mesmo nas Olimpíadas.
Vejo aquelas estrelas brancas de fundo azul saírem do armário empoeirado. Flanelas, camisas, shorts, saias, um guarda roupa inteiro verde e amarelo.
Vejo as pessoas cantando o hino nacional. E sempre tem alguém nos lembrando que o nosso é o hino mais bonito. ..
Vejo o orgulho de ser brasileiro, mesmo que a gente saiba dentro de cada um de nós bons motivos para se envergonhar disso.
Em tempos de copa vejo uma casa, uma rua, uma cidade, um país inteiro simplesmente parar em frente à tv.
Ouço fogos. Gritos. Ecos da palavra Gol.
Vejo preguiça também. Além de uma boa desculpa para uma cervejinha com os amigos.Vejo cobranças, motivação para julgar aquilo que não achamos certo.
Se perguntarem pra mim se acho que o povo brasileiro é patriota, acho que vou dizer: sim, pelo menos em tempos de copa.
Em tempos de copa vejo o patriotismo.
Em tempos de copa, assim como outros tempos, esquecemos de grandes problemas, e nos lembramos de outros poucos.
Queria mesmo que esse sentimento durasse até as eleições.
Queria que aquelas caras pintadas do século passado fizessem algo, além da copa. Que as caras voltassem às ruas, que lutassem pelos seus direitos.Que fizessem seus direitos serem ouvidos.
Queria mesmo que cada um daqueles homens que vestem a nossa camisa, soubesse que representam sim a felicidade de milhões de pessoas, mesmo que seja pelas meras 24 horas pós jogo.
Melhor mesmo, se cada um daqueles que veste palitós, soubesse que representam sim a felicidade de milhões de pessoas, por anos e anos após...
Queria que eles vissem como meus olhos vêem, bandeirinhas em ruas sem asfalto, bandeiras em casas de pique.
Um povo com prioridades equivocadas? Talvez.
Mas entendo esse povo, amigos.
Esse povo que acha que dinheiro não é tudo na vida.
Que vale mais a pena gastar com coisas que nos fazem felizes, do que um seguro no banco.
Qua gasta com coisas que os fazem felizes, nem que seja por um breve e efemero momento.
Respeite essa felicidade.
Quem garante que um dia ela voltará para eles?
Que nem diria o poeta:
"Quero ignorado, e calmo
Por ignorado, e próprio
Por calmo, encher meus dias
De não querer mais deles.
Aos que a riqueza toca
O ouro irrita a pele.
Aos que a fama bafeja
Embacia-se a vida.
Aos que a felicidade
É sol, virá a noite.
Mas ao que nada espera
Tudo que vem é grato "
Fernando Pessoa
Eu queria ver patriotismo em tempos de eleição. Faria mais sentido.
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