sábado, 3 de outubro de 2015

Préconceito

Foi quando eu simplesmente defini a diferença entre o amor e a paixão para mim. 
Certo dia, naqueles de fossa ou dor de cotovelo, me pus a conversar com um daqueles amigos loucos mais certos que a gente tem. Eu estava lá reclamando as pitangas de como meu coração estava partido, de como eu sofria com aquela separação de um relacionamento que já não me fazia bem. Mas, se não fazia mal, que mal tem? 
O Louco mais certo me mandou uns links de uns vídeos de um sociólogo comentando a respeito.
Conceitos tão simples, que conseguimos afundar nas profundezas do nosso abstrato.
Eu vi o vídeo e nem acreditei em mim mesma, o quanto eu estava confundindo meus sentimentos, o quanto eu era capaz de enganar meu cérebro frente à tantos sentimentos em conjunto. 
É nesse dia que a Idade chegou. 
Já sabia eu que o Amor era assim puro e verdadeiro, que era o querer bem alguém.
Que era o fazer ao próximo aquilo que queria que fizessem comigo. 
O problema sempre foi a paixão...
A paixão na minha história sempre envolveu uma dose de dor e de trágico, quase o teatro inglês pós renascença, com todo o drama e comédia que se pode estar envolvida.
Minhas paixões, historicamente, sempre foram respresentativas de dor para mim. 
Uma escolha nova. Uma falta de opção.  Uma separação. Um desafeto. Uma divergência. Uma escolha velha. Uma opção.
Sempre meus casos de paixões anteriores eram envolvidos com uma boa e velha dose de dor e de cachaça pós tortura, como se isso cacatrizasse as fedias da minha alma. Anestesiava por um tempo, porém depois o álcool descia fundo nestas feridas, e abria buracos às vezes mais fundos dos que eu tinha quando comecei.
Então doía. Sim, doía. É por doer assim que eu pensei que eu estava  apaixonada. So que não. 
Dor é dor. 
Paixão é paixão. 
Eu tinha esquecido desse princípio básico: o conceito das coisas.
Eu o amava.
Eu sentia dor. 
Eu o amava e doía. 
Mas não estava apaixonada....
Se pudesse definir a minha paixão, diria que são as borboletas. Aquelas famosas embrulhadas no estômago. O frio na barriga. O quente em outro lugar.
O desejo. O ensejo. O imã de corpos. A vontade cega de estar nas proximidades daquela aura.
Definir isso abriu tanto meu mundo que acho que meu coração jamais foi o mesmo desde então.
Coisas que só o amigo Louco certo ensina. 

A paixão é o vestido de festa, é a capa que te atrai, ou te cega. 
O amor são as folhas do livro, é o conteúdo de cada dia. 
Um livro pode existir sem a capa. Essa capa com o tempo fica assim, borrada é velha, mas sempre remeterá aquele momento em que você viu o livro. 
Uma capa pode existir sem o livro. Vai ser bonita, útil às vezes para outros fins, mas sem um destino, fica assim vazia. 
Até um dia que encontre um livro que encaixe na estante. 
Depois disso, ler minha alma ficou mais fácil pra mim. 





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